Objectos da Pré-historia
Reproduções feitas com as técnicas e materiais originais
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produzidas por arqueólogos, utilizando os dados mais recentes da investigação em arqueologia;
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produzidas artesanalmente, com as técnicas utilizadas na pré-história;
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produzidas com materiais naturais, recolhidos localmente a partir de fontes sustentáveis;
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destinadas a promover o conhecimento e o entusiasmo pela arqueologia e pré-história.

Armas e Ferramentas
A capacidade de imaginar, transformar matérias primas e criar ferramentas é uma das características que nos distingue da maioria das outras espécies. A caça, a recoleção, a construção de estruturas de abrigo, a necessidade de fazer fogo e todas as outras actividades que fomos desenvolvendo ao longo dos milénios, foram acompanhadas pelo desenvolvimento das mais variadas ferramentas.
A madeira, o osso, a pedra e as fibras naturais, constituíram a matéria usada no fabrico das primeiras ferramentas. Mais tarde, o desenvolvimento de tecnologias como a torção de corda ou a produção de colas resinosas, foram permitindo o desenvolvimento de ferramentas mais complexas e eficazes.
Contudo, uma das tecnologias mais importantes e transversais é a do trabalho em pedra (talhe e polimento). É o elemento mais dominante na cultura material que sobreviveu até aos nossos dias e serviu de base para a definição de todos os períodos da pré-história: o paleolítico (antiga idade da pedra), o mesolítico (média idade da pedra), o neolítico (nova idade da pedra) e o calcolítico (idade da pedra e do cobre).
Todas as nossas reproduções são realizadas com o recurso às diferentes técnicas usadas nestes períodos como o talhe e o polimento sobre pedra (sílex, chert, anfibolito, etc.), trabalho sobre madeira, couro, osso e chifre, fibras naturais torcidas à mão (trovisco, tendão, etc.), produção de colas resinosas (resina de pinheiro e cera de abelha, resina de bétula, etc.), entre outras.

CerÂmica Manual
A cerâmica é um dos primeiros materiais não naturais criados pela Humanidade. Resulta da combinação de argila e elementos não plásticos (como fragmentos de quartzo, de osso, de conchas, ou de matéria vegetal) numa pasta que é modelada, seca e posteriormente cozida a altas temperaturas (acima dos 650 º C) - um processo que provoca uma alteração química na pasta modelada e que a transforma num material muito mais resistente e impermeável.
Esta inovação tecnológica está intimamente relacionada com o início da sedentarização e da prática da pastorícia e da agricultura - o neolítico (há cerca de 7500 anos na Península Ibérica). Veio fornecer pela primeira vez contentores impermeáveis que permitiram a acumulação e preservação de excedentes bem como novas formas de cozinhar os alimentos.
A importância da cerâmica para a arqueologia e o estudo da pré-história prende-se com o facto de esta - em conjunto com os vestígios em pedra - consubstanciar a maioria da cultura material que sobreviveu ao passar dos milénios, podendo fornecer informação importante sobre as técnicas de produção, a origem das matérias primas, os diferentes usos, etc.
As nossas reproduções procuram reproduzir integralmente todo o processo original, desde a recolha do barro, criação da pasta, modelagem, decoração e cozedura. A maioria das nossas reproduções são de peças provenientes de sítios neolíticos e calcolíticos da Península Ibérica.

Objectos Votivos
Embora o seu significado permaneça em grande parte um enigma, os objectos considerados votivos são, por norma, de uma beleza e atractividade excepcionais e sem uma aplicabilidade prática aparente. Para os períodos sem escrita, estes são os "documentos" disponíveis à arqueologia que permitem sugerir pistas, não apenas sobre a sua economia, tecnologia e estética, mas também sobre as ideias e crenças das sociedades que os criaram.
Neste contexto, as placas de xisto e os ídolos oculados, são objectos de grande riqueza artística e simbólica, típicos do Neolítico Final e Idade do Cobre na Península Ibérica. Em ambos os casos, as peças são profusamente decoradas com padrões geométricos e antropomórficos. No caso das placas de xisto, as perfurações sugerem que pudessem mesmo ser usadas como elementos de colar.
Este aspecto levou bastantes arqueólogos a sugerir que representariam uma divindade neolítica mas estudos mais recentes sugerem também que os padrões possam ter servido para representar a linhagem familiar do proprietário.
As nossas reproduções são de placas de xisto provenientes de monumentos do sul de Portugal e Espanha - o seu território por excelência. Procuramos fontes naturais de xisto cuja pedra se aproxime o máximo possível da qualidade utilizada na pré-história e utilizamos estiletes com uma ponta de silex para a gravação.

Objectos de Adorno
A utilização de objectos de elevado valor estético ou simbólico como adorno corporal sempre teve grande importância para as sociedades humanas ao longo da pré-história. Na maioria das vezes não sabemos se foram usados como forma de diferenciação social, como amuleto ou apenas pelo seu valor estético.
A partir do Paleolítico Superior o uso destes objectos aumenta exponencialmente, surgindo novas técnicas de criação de adornos. Novas ferramentas como os buris, raspadores e punções permitiram a produção de novos objectos como pingentes e colares. Por norma, estes objetos são feitos de conchas, de dentes, ossos, marfim, perfurados e gravados com figuras geométricas, de animais ou vegetais. As comunidades aumentam o raio de suas incursões em busca de novos materiais como o âmbar, o cristal de rocha, o coral, o jade ou outras pedras de cores vivas.
A partir do neolítico com o surgimento das técnicas de polimento de pedra começam a surgir peças ainda mais complexas como os anéis e as braceletes. Também o ouro e o cobre começaram a ser martelados, muito antes da descoberta da fundição, e usados como elementos de objectos de adorno cada vez mais complexos.